Alentejo
Aqui, na margem do lago formado pela barragem, tudo é relativo...
Não chegam ecos do mundo em convulsões e os sons que se ouvem são dos chocalhos das ovelhas e cabras que comem vorazmente a erva verde que cobre os campos.
De vez em quando a pastora grita com a Bonita (olha o teu filho na água!), chama a Branquinha, a Mimosa e o Barbudo.
As espaços, abre um banquinho, senta-se a comer a merenda e vai deitando o olho ao seu rebanho.
Quando o rebanho começa a afastar-se, lá vai ela atrás deles, de banco às costas.
Acena na curva do caminho e grita:
-Estou a fazer a minha caminhada mas eles correm mais do que eu!
No ar ficou, durante algum tempo, o som dos chocalhos.
Um peixe saltou fora de água para apanhar algum insecto.
Uma garça -real pousou na margem e vai avançando lentamente pela água.
Um casal de águias plana vigilante...
As margaça-de-inverno e a grizandra estão em flor.
Ficámos ali, nem sei quanto tempo!
Como se fosse outra realidade, o tempo é vivido de outra maneira...