Passou quanto tempo desde o último post? Já nem sei bem... Já comecei e recomecei este várias vezes! Os dias demoram a passar mas os meses passaram depressa! Como o mundo mudou! O tempo tem outro tempo de ser vivido. Era absolutamente impensável o que está a acontecer e não me lembro que algum astrólogo, tarólogo ou outro lógolo, tenha previsto tal pandemia para o ano de 2020. Parece que há um ou dois eleitos que falaram que um destes anos iria aparecer um vírus que tal e tal... Embora situações semelhantes já tenham acontecido na história da humanidade, ninguém estava preparado. A espécie humana que sempre se julgou dona do planeta e de determinar o seu destino e dos outros seres, debate-se com o ataque de um organismo microscópico, um vírus que já infectou mais dez milhões de pessoas e causou a morte de mais de meio milhão (quando comecei a escrever o post, no fim de junho eram estes os números)! E nada aponta para que o fim esteja à vista. É como se a Terra nos dissesse que pode bem continuar sem nós! Mais uma espécie, menos uma, na história da Terra não fará diferença e muito menos para o Universo... Nem num filme de ficção este cenário dantesco foi previsto. Num mundo tão desigual e divido sempre pensei o que nos iria unir em termos de espécie humana seria algo como o aparecimento de uma nave especial cheia de extraterrestres com ideias mais ou menos invasivas! Largaria sobre o planeta um tipo de vírus que cirurgicamente mataria a maioria da espécie humana e deixaria intactas as estruturas produtivas e o resto dos seres vivos e recursos do planeta. Isto é a mistura de muitos filmes de ficção científica feitos nos últimos anos. Mas o inimigo não veio de fora. Já cá estava, esteve sempre (???) e silenciosamente, sem ninguém dar por isso (e os que sabiam, calaram-se) emergiu do mundo microscópico um vírus que se foi instalando sem deixar rasto visível pois a morte por infecções respiratórias sempre aconteceu... Só quando o número de infectados já era tão evidente que não se podia esconder a causa, se teve que anunciar ao mundo a sua existência e consequências nefastas para os humanos!
Ao princípio ninguém ligou muito. Era uma doença que estava acontecer numa zona localizada, longe, longe ... Não chegaria à Europa, muito menos à América! Mas a mobilidade da população transportou o vírus pelo mundo. Era uma doença que só iria matar os velhos e mais vulneráveis com outros problemas de saúde associados. Como se fosse uma espécie de eutanásia microscópica e uma poupança de recursos nos sistemas que asseguram a reforma dos velhos. Alguns pensaram que ficariam os mais novos, saudáveis e os humanos iriam melhorar geneticamente em termos de raça! Houve quem não se importasse com a VIDA e decidisse que quantos mais se contaminassem melhor! Mas a maioria dos países europeus não pensou assim e os sistemas públicos de saúde sempre tentaram dar resposta a uma situação grave e inesperada e à população foi dito para ficar em casa. Foi assim, em Portugal, parte de Março e nos meses Abril e Maio. Informações um pouco contraditórias, deve-se usar máscara, não se deve usar máscara... Também o que se sabia sobre o vírus era muito pouco! As máscaras e o álcool praticamente desapareceram do mercado para voltarem pouco depois a preços muito mais elevados... E nós ficámos em casa! Tivemos essa sorte. Mas muitos tiveram que estar na linha da frente para tratar dos doentes, assegurar a alimentação, cuidados de saneamento... E dizia-se que o vírus era democrático, não escolhia classes sociais, velhos ou novos, ricos ou pobres... Talvez seja um pouco verdade mas as desigualdades acentuaram-se entre os que passaram o confinamento numa casa com 200 metros quadrados, piscina e jardim e os que estavam engaiolados num bairro social, num apartamento com 50 metros quadrados, sem varandas, com 2 ou 3 janelas e várias pessoas a viverem amontoadas. Milhares de vidas se perderam e a família nem se pôde despedir dos entes queridos. Haverá sempre um luto por fazer. Dizia-se "Vamos ficar todos bem!"
Claro que não vamos ficar todos bem! Nada vai ficar igual e muitos vão ficar mal! O mundo mudou, nós mudámos (será que mudámos?) O mundo dos humanos abrandou um pouco. Na Terra, o ritmo de vida dos outros seres continuou. As flores surgiram, os insectos polinizaram, cresceram frutos, surgiram sementes...
Os rios continuaram a correr para o mar (agora um pouco menos poluídos).
O sol "nasceu" e "pôs-se" todos os dias!
Mas o vírus expôs as fragilidades de milhões de pessoas e as desigualdades sociais são ainda mais evidentes em todo o mundo. Estamos em Agosto de 2020. Centenas de milhares já morreram e esse número continua a aumentar! Já está muito perto de 20 milhões, o número de infectados! Cada país tenta recomeçar a actividade económica mas o número de desempregados não pára de aumentar. Em Portugal estamos fortemente dependentes do turismo e das exportações, e a crise económica e social que se adivinhava, já se instalou e alastra todos os dias. A vida está a ser feita de pequenos avanços e muitos recuos. Não podemos ficar à espera que "isto passe" para viver!
O tempo não pára e nunca vamos recuperar o que deixarmos de viver!
Temos que viver este tempo de outra forma, com os cuidados necessários, por nós e pelos outros...
E manter a esperança que 2021 vai ser diferente, vai ser melhor!
Mena A primeira e a segunda fotografias foram retiradas da net. Não sei quem são os autores. Se pretender que sejam retiradas é favor avisar pelo mail. Obrigada