sábado, 29 de fevereiro de 2020

Alentejo

À beira do lago

Num destes dia de Inverno, em que a Primavera já espreita, um recanto do lago da albufeira de Alvito deve ser um dos locais mais tranquilos do planeta!


Apesar do Inverno estar  a ser pouco chuvoso, o lago está cheio. Provavelmente houve transvase das águas do Alqueva.






À nossa chegada, algumas garças-reais e patos-bravos levantam voo e  riscam o céu azul. Um ou outro peixe quebra o espelho de água. E depois fica aquele aparente silêncio...



As nuvens penteiam as cabeleiras de algodão e miram-se nas águas do lago. E o mundo real que se reflete nas águas cria outros mundos!


O meu olhar mergulha no azul das águas e por instantes somos Um.




Do fundo das águas emergem inquietações por um mundo em convulsão...

Seres microscópicos que sempre existiram antes de nós (e existirão depois) e se manifestam infectando humanos e não só, a guerra, a destruição do planeta, não desaparecem na quietude do azul das águas e do céu imenso...


A nossa presença no planeta é tão recente, vamos estar aqui uns breves segundos mas pensamos e agimos como se nos fossemos eternizar na Terra! 


Não é possível prever o que vai acontecer na história da humanidade e muito menos na história da Terra que é um planeta vivo!

Fazer planos para o futuro dá-nos uma sensação de controlo, de que temos algum domínio sobre o tempo, de que estaremos daqui dias, meses ou anos a fazer isto ou aquilo. Teremos ido aqui ou ali... Mas nada disso pode chegar a acontecer. 

Os acontecimentos recentes mostram, mais uma vez, que tudo é tão frágil!

A única certeza é este momento! O lago, o céu azul, as nuvens, as plantas silvestres em flor! 

Apenas este instante...

Em que o tempo parece ter parado!

 M.

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