O tempo parou no dia em que tu partiste!
O diagnóstico de que estavámos doentes surpreendeu-nos em Maio.
A tua doença bem mais grave do que a minha.
Ainda assim, prometemos esperar um pelo outro, para voltarmos a passear de mãos dadas pelo parque e pelos campos.
Talvez na próxima primavera, dizíamos nós!
Mas não demos por esta Primavera acabar
Passou o Verão e tu internado, cheio de esperança e coragem, a enfrentar a quimioterapia e a fisioterapia.
E eu que não conduzia há tempos, fazia algumas dezenas de km para passar a tarde contigo, primeiro com apoio da filha, filho ou irmãs mas depois sozinha, já não tinha receios, apenas o querer estarmos juntos.
O jardim, onde te levava na cadeira de rodas, estava em flor e ali tínhamos, mesmo sendo verão, um pouco da primavera que não chegámos a viver plenamente.
Falávamos da minha operação ao pulmão e de como eu ia ficar aí internada a recuperar perto de ti.
Mas tu partiste neste outono, sem aviso, sem te queixares ou dizeres que não te sentias bem quando nos despedimos ao fim da tarde ou quando telefonámos antes de adormecermos...
Partiste ao fim de alguns dias de internamento nos cuidados intensivos.
E eu fiquei com um tempo cheio de saudades e lágrimas.
A minha operação, agora adiada por um tempo, vai ter que acontecer pelos nossos filhos e netinhos.
Hei-de falar de ti ao nosso netinho mais novo e relembrar com o netinho mais velho, um avô maravilhoso, companheiro de aventuras de super heróis...
Quero falar de ti!
Tivemos tanta sorte por nos termos encontrado e partilhado a VIDA por quase meio século!
Quero dizer que eras um homem maravilhoso e que te amo muito!